A história de João Vitor Farias, 17 anos, daria facilmente um filme. Natural de Corupá e criado em Jaraguá do Sul, o jovem meia-atacante assinou recentemente seu primeiro contrato profissional com o Esporte Clube Bahia, com uma multa rescisória avaliada em 100 milhões de euros — valor digno das grandes promessas do futebol mundial.
Mas por trás do brilho e das cifras, está uma trajetória marcada por superação, talento e uma rede de apoio que fez toda a diferença.
Foi em um antigo ginásio municipal de Corupá que Joãozinho, como é carinhosamente conhecido, deu os primeiros passos no futsal, ainda criança, por meio de um projeto social mantido pela prefeitura. Criado com a irmã em uma realidade difícil, ele encontrou no esporte não apenas diversão, mas um propósito de vida.
A virada começou quando seu talento chamou à atenção do ex-goleiro profissional Ederson Pereira da Silva Bruns, o Boca, que comandava o projeto. Com passagens por Jaraguá Futsal, Cerro Porteño (Paraguai) e Ettifaq (Arábia Saudita), Boca viu algo especial no garoto. “João era diferente. Um menino de coração enorme, amigo de todos e carente de atenção. Nas quadras, a forma como se movimentava, como pensava o jogo… era coisa de gente grande. E ele só tinha 13 anos”, relembra Boca.
Tocado pela história e pelo talento do menino, Boca e sua esposa, Chaiane, decidiram acolhê-lo em Jaraguá do Sul. Com o tempo e o apoio jurídico necessário, o vínculo foi oficializado por meio da adoção. Joãozinho ganhou mais que uma casa: ganhou uma família e a estrutura para desenvolver todo o seu potencial.
A transição para o futebol de campo veio em seguida, na Escolinha Xoxo 10. Ali, passou a disputar campeonatos regionais e rapidamente chamou a atenção de clubes como Esfera (SP), Brusque e Bahia. Foi no clube baiano, porém, que a história ganhou outro patamar.
Após um contrato de formação assinado em 2023, João brilhou na Copa São Paulo de Futebol Júnior e em outras competições no início da temporada 2025. O desempenho levou o Bahia a oferecer o primeiro contrato profissional em março deste ano, com cláusulas de gente grande.
Hoje, aos 17 anos, João Vitor é mais do que uma promessa. É símbolo de uma geração que acredita no esporte como ferramenta de transformação — e exemplo vivo de que talento, quando encontra oportunidade e acolhimento, pode ir muito longe.